O BAÚ DAS LETRAS

Livros, Leituras e muito mais...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

AOS SÁBADOS ACONTECE… BAÚ DAS LETRAS!

Aconteceu no dia 18 de Junho …
Tema: poesia portuguesa

A poesia para crianças, em Portugal, atinge maior fôlego em termos de quantidade e qualidade a partir da segunda metade do século XX. Na senda de uma revalorização e transfiguração dos moldes tradicionais deste modo literário, sobretudo através do modo como a criança e a educação são perspectivadas, há alguns nomes precursores que marcam lugar na História literária nacional.

Matilde Rosa Araújo (uma verdadeira fada das letras lusas), António Torrado (muitas vezes invocado como o Hans Christian nacional tem também uma produção com elevado sentido poético) ou Maria Alberta Meneres (co-autora de muitas obras com António Torrado) fazem parte daquela que é considerada a (primeira) era dos clássicos da literatura (dita) para crianças e jovens (terá a qualidade estético-literária destinatários só desta idade?), pelo que aqui deixamos um cheirinho da poesia de Maria A. Menéres com um poema que se chama, exactamente, “O nariz”.

O nariz
Eu tenho um nariz de giz
que toda a gente me diz
com ares de grande juiz
que parece uma perdiz
mas a perdiz do juiz
sempre ouvi dizer que quis
transformar-se em codorniz
por causa dos imbecis
que diziam ao juiz
tu tens uma nariz de giz
ora o juiz nunca quis
ser dono de tal nariz
e deu-o a um petiz
que ainda era aprendiz
de caça da codorniz
e que um destino infeliz
fez dono de tal nariz


mas o petiz do nariz
com o giz desenhou X
na careca do juiz!

In MENÉRES, Maria Alberta
Conversas com versos
Porto: Asa, 2005. , 74, [3] p. : il. ; 21 cm. ISBN 972-41-4007-5

Luísa Ducla Soares (exímia na arte do humor em verso), Álvaro Magalhães (um vate filósofo para miúdos e graúdos), Manuel António Pina (de diminuta mas extraordinária produção poética e metapoética assente numa criatividade fulgurante) ou Jorge Sousa Braga pertencem, no fundo, a uma segunda geração de grandes cultores da linguagem poética.

Prolífico autor e tradutor da lit. para adultos, mas com vários, inusitados e interdisciplinares trabalhos(Herbário, por ex., é um título que é, no fundo, um passeio poético pela área da botânica, Pó de estrelas é uma incursão da poesia na astronomia), Jorge Sousa Braga presenteia-nos constantemente com obras poéticas no campo infanto-juvenil sempre felizes.

A orquídea
A orquídea
parece um manequim.
Só veste peças únicas,
feitas por medida,
de seda ou de cetim.


A erva daninha
Sou uma erva daninha.
Nem princesa, nem rainha.
Não tenho eira nem beira.
Nem ninguém que me queira.
Comigo ninguém se importa.
Todos me querem ver morta.
Sei que sou amaldiçoada.
Porque não sirvo para nada.
Mas a culpa não é minha,
De ser uma erva daninha.
Inventaram o herbicida,
Para me complicar a vida.
Mas isto não fica assim.
Vamos ver quem ri por fim.

Nem princesa nem rainha.
Sou uma erva daninha.

In BRAGA, Jorge de Sousa -
Herbário
Lisboa : Assírio & Alvim , 2002. , 57 p. : il. ; 24 cm. ISBN 972-37-0549-4

Pertencente a uma 3ª. geração de poetas que, infelizmente e até agora, ainda não constitui uma plêiade, destacamos João Manuel Ribeiro com uma actividade poética por vezes parodística, outras vezes “apenas” deliciosamente sensível e atenta às pequenas grandes minudências da vida que a insuflam de vida interior, riqueza e densidade. Aqui ficam algumas sugestões de (re)descoberta:

A tia Anica
A tia Anica
que era de Loulé
tanto rodopiou
pelo mundo
e à volta de si
que não sabe já
de que terra é!

O Pinóquio
O Pinóquio
foi a um colóquio
meter o nariz
no que se diz
sobre a verdade.

Ritinha, estrela d’ água
A Ritinha tem
no meio do coração
uma estrela d’água:
água doce, água boa,
água limpa, água perfumada.
É por isso que a Ritinha
chora tanto de alegria:
uma alegria doce, alegria boa,
alegria limpa, alegria perfumada.
A estrela que a Ritinha tem
no meio do coração
é como a água mole em pedra dura:
a sua luz é tão intensa
e tanto nos ilumina
que fura,
fura,
fura.

Entrelinhas
Fiz trinta por uma linha
e oito por um cordel
para que fosses minha
na vida e no papel.

Fiz das tripas coração
e do coração um cesto
para te levar pão,
fruta e tudo o resto.

Fiz um pé-de-vento
e da brisa um balancé
para te dar assento
e ficar de pé.

Fiz juras de amor
e outras coisas tais
para ser teu senhor
e escravo demais.

Fiz de mim gato-sapato
e outras figurinhas
por te amar no retrato
e nas entrelinhas.

In RIBEIRO, João Manuel
Rondel de rimas para meninos e meninas
Vila Nova de Gaia: Trinta por uma linha, 2008., 23 p.: il.; 21 cm. ISBN 978-989-95696-0-7

Eis algumas fotos deste sábado em que tivemos ainda tempo para ilustrar alguns dos textos explorados e revisitar o livro do Baú das Letras, todo ele hand made pelo nosso amigo e  leitor Carlos Pinto, a quem muito agradecemos, mais uma vez:






segunda-feira, 13 de junho de 2011

AOS SÁBADOS ACONTECE… BAÚ DAS LETRAS!

Aconteceu no dia 11 de Junho …


Tema: poesia (lengalengas)

Os nossos avós são um repositório vivo das tradições orais, pelo que os convidamos a virem dar-nos a conhecer alguns dos versos que acompanhavam o seu dia-a-dia laboral e/ou tempo de lazer.

Lengalengas são “comboios em verso”, com rimas e ritmos surpreendentes, e se não entramos na carruagem certa perdemos o lugar no comboio… Por vezes também, a diversidade do sentido das palavras e das frases fazem desta mão-cheia de textos divertidos quebra-cabeças sem saída!

Prepara a memória, limpa bem os ouvidos, e tenta exercitar a língua com algumas das manifestações poéticas que te propomos:
I - DA TRADIÇÃO ORAL

A chave de Roma
Aqui está a chave de Roma
Roma tem uma rua
a rua tem uma casa
a casa tem uma mesa
a mesa tem uma gaiola
a gaiola tem um ninho
O ninho tem um passarinho
Que canta e diz:
passarinho no ninho
ninho na gaiola
gaiola na mesa
mesa na casa
casa na rua
rua em Roma
Roma tem uma rua
A rua, etc., etc., etc….



In MAIS LENGALENGAS/ recolha e selec. Luísa Ducla Soares ; il. Sofia Castro
Lisboa : Livros Horizonte , imp.2007. , 32 p. : il. ; 29 cm. ISBN 978-972-24-1536-1

Tentem dizer a lengalenga com um ritmo crescente e vão ver que sentem e proporcionam um gozo maior…

Na ponte do Vale d’Armeiro,
vinte e cinco cegos vão:
Cada cego leva um moço,
Cada moço leva um cão,
Cada cão leva um gato,
Cada gato leva um rato,
Cada rato sua espiga
e cada espiga seu grão



In MOUTINHO, José Viale -
O livrinho das lengalengas.
2ª ed. Porto : Afrontamento , 2005. , 34, [2] p. : il. ; 23 cm. ISBN 972-36-0742-5

II – DE AUTORIA, apesar de inspirada num conto tradicional europeu, sugerimos esta deliciosa lengalenga enriquecida por uma ilustração extremamente ambígua, misteriosa e cativante


Esta é a ÁGUA
que apagou o fogo
que queimou o pau
que bateu no cão
que mordeu o gato
que apanhou a pega
que roubou o pano
que envolvia o anel
da Princesa de Aljustrel.
                                              (excerto)

In PATACRÚA -
A princesa de Aljustrel.
Pontevedra : OQO , 2008. , 32 p. : il. ; 24 cm. ISBN 978-84-9871-005-2

Eis algumas fotografias:
 


Também é bom ver que há tios, como o Tiago, que se divertem com as afilhadas e estes jogos de palavras...

INAUGURAÇÃO DE UMA ESTANTE MULTICULTURAL

No âmbito da iniciativa Tavira Ilimitada, que decorrerá de Junho a Setembro deste ano e contará com a participação de várias associações e organismos do concelho, assumindo neste primeiro ano uma posição contra o racismo e a xenofobia, a Biblioteca Municipal realizou no dia 9 de Junho, pelas 18:00 hs., a cerimónia de inauguração de uma estante com obras em língua estrangeira destinadas a crianças e jovens.

Caracterizando-se o concelho de Tavira por um tecido social multiétnico riquíssimo (composto por cerca de 60 nacionalidades diferentes) e pautando-se os tempos actuais por fluxos migratórios cada vez mais frequentes e heterogéneos, as bibliotecas públicas apostam no desígnio da inclusão social, da promoção da paz e enriquecimento da sociedade.

Para tal, e na senda de alargar o acesso à informação, ao conhecimento e à educação (individual e auto-formação), a todos os indivíduos, a BIBLIOTECA MUNICIPAL disponibiliza aos leitores documentos nas suas línguas de origem e, por outro lado, oferece a possibilidade de aprendizagem de uma segunda língua aos cidadãos nacionais, numa política de aprendizagem e fruição de uma língua e cultura distintas da sua.

Inaugurado este conjunto de obras com leituras, quer na língua materna da criança e/ou jovem, quer na língua de Camões, a Biblioteca Municipal continua a contar com a preciosa participação de todos para nos fornecerem um feedback mais claro acerca das necessidades linguísticas e expectativas culturais dos grupos de imigrantes aqui residentes.

Algumas fotografias do evento:








Queremos aqui deixar o nosso agradecimento a todos os que colaboraram para que este evento ficasse na memória de todos, nomeadamente:

- aos nossos pequenos grandes leitores pelo seu entusiasmo e dedicação, ao longo de um mês, para fazer da actividade de inauguração da estante multicultural um momento de alegria, partilha e celebração das línguas do mundo;
- aos pais pela disponibilidade, tempo dedicado aos ensaios em casa e mil e um esforços para cumprir horários;
- à Sue Hall, jornalista free-lancer e membro da Association’s Book Lovers, e “mãe” desta ideia. Aqui fica também a sugestão de visita ao seu blog http://suehallnet.wordpress.com;
- à Tela Leão (Casa das Artes) pelo tempo, ideias, energia e por tudo, no fundo;
- à Livraria Lura dos Livros pelas sugestões de aquisição de obras a adquirir e celeridade que imprimiu a todo este processo;
- a alguns leitores da Biblioteca Municipal que já fizeram doações, nomeadamente os srs. Carlos P. e Carlos Revés;
- às embaixadas que já responderam ao nosso apelo para participarem no evento através de doações.
Para além de alguns excertos da “Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural”, adoptada pela 31ª. Conferência Geral da UNESCO realizada em Paris a 2 de Novembro de 2001, os textos que foram lidos na cerimónia, bem como os nomes dos participantes, são os que a seguir apresentamos:

LEITOR NACIONALIDADE TÍTULO DA OBRA/TEXTO AUTOR
1 Carolina Bors Moldava K *** Alexander Pushkin
2 Cristina Popusoi Moldava Staful degetelor Elena Farago
3 Ildine Sanches Cabo-verdiano São Vicente Sérgio Frusuoni
4 Inês Baptista Luso-colombiana El Manzano de Oro Desconhecido
5 Irina Akerman Ucraniana Querida mãe Desconhecido
6 João Manuel Infante Português Dia de Anos João de Deus
7 João Alves Luso-brasileiro Poema A casa Vinicius de Moraes
8 Kayla Bruyneil Belga El manzano de oro Desconhecido
9 Kawanny Ançã Brasileira A lenda da vitória régia Lenda tradicional
10 Paulo Baptista Luso-colombiano El ladrón misterioso Desconhecido
11 Vadyslava Shoturma Ucraniana Primavera de há muito tempo Lecia Ukrainka

Bem haja àqueles que nos ajudam a tornar a biblioteca um espaço de informação, educação e lazer de e para todos!
Muito obrigada!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

AOS SÁBADOS ACONTECE… BAÚ DAS LETRAS!

Aconteceu no dia 4 de Junho …

Tema: poesia (trava-línguas)

Pareceu-nos que “poesia rimava bem com Verão”, já que é a ela que associamos dias felizes, luminosos e porque é dela que o mundo tanto precisa. E porque o que realmente importa é "pôr a poesia a falar", lê-la em voz alta, pondo assim o ênfase na matéria sonora para sentir verdadeiramente o prazer que o poema transmite” rumámos à frescura e à brincadeira em voz alta com as palavras em verso.

Como o reino da poesia é intemporal (não é por acaso que se diz que o Portugal é um país de poetas, pois não há muitas nações que têm na sua História produção poética desde a formação da sua nacionalidade e sem qualquer interrupção até aos dias de hoje) e infinito penetrámos no mundo do feitiço da palavra com muita saudade, mas também curiosidade e alguns “dizeurs” pequeninos e grandes livros…

E se a língua de Camões não é pródiga em “nursery rhymes” (canções da tradição oral para a primeira infância), como a língua inglesa, por exemplo, apresenta, por seu turno, um manancial de trava-línguas e lengalengas que agora pertencem quase unicamente aos avós, mas que vale a pena redescobrir, pois além de serem óptimos exercícios para promover a competência articulatória e consciência fonológica das crianças proporcionam momentos de puro divertimento entre os vários elementos da família e amigos.

Ora experimentem dizer rapidamente os seguintes trava-línguas, por exemplo:

I – DA TRADIÇÃO ORAL

-O que é que há cá?
- É o eco que há cá.
- Há cá eco?
-Há cá eco, há.

In SOARES, Luísa Ducla
Destrava línguas. 2ª ed. Lisboa : Livros Horizonte , 1997. , 28 p. : il. ; 28 cm. ISBN 972-24-1009-1



II – DE AUTORIA e, portanto, mais elaborados

A Xuxa e a Sacha
A Xuxa acha a Sacha chata
e a Sacha acha a Xuxa chacha.
- A Xuxa, chacha? Chacha é a Sacha!
- A Sacha, chata? Chata é a Xuxa!

Fica chocha a Xuxa, a Sacha está é xexé!
- Xexé, a Sacha? Acha?
Eu cá acho a Sacha um chuchu!

In GOMES, Luísa Costa
Trava-línguas. Lisboa : Dom Quixote , 2006. , 33 p. : il. ; 27 cm. ISBN 972-20-3127-9

segunda-feira, 30 de maio de 2011

AOS SÁBADOS ACONTECE… BAÚ DAS LETRAS!

Aconteceu no dia 28 de Maio…

Muitas rotas foram seguidas e cada um pôde demorar-se o tempo que quis no seu destino favorito. Assinalados no mapa foram os itinerários trilhados para que cada um pudesse reconstituir o nosso caminho errante quando lhe apetecesse.

Vou a casa do Jaime, de Beverley Birch, parece ter sido uma das obras mais apreciadas pelos mais pequenos, uma vez que já fora lida numa outra sessão e voltaram a pedi-la, comprovando-se, assim, que as histórias “não se gastam”, antes amadurecem nos nossos leitores como o vinho do Porto.

Não podíamos terminar a nossa odisseia sem ir ao céu (espero que no sentido conotativo também) e, portanto, ficar a conhecer melhor o que lá existe, além das estrelas, lua, nuvens e aquilo que todos vemos e alguns acreditam. Deste modo, “subimos” através do conhecido, mas nunca aborrecido, conto inglês João e o Feijoeiro Mágico, incluído na obra Os mais belos contos do mundo recontados por Michael Fiodorov.

Viajar é maravilhoso, é deixar que os nossos olhos e o nosso espírito se surpreendam e cresçam, e depois de sentir o gelo, andar por mares geralmente por nós “nunca dantes navegados”, vales e desertos, é muito gostoso (como dizem os nossos irmãos do Brasil) regressar a casa e foi o que fizemos. E como o rato, que acompanha o sapo na sua jornada no livro O sapo e o vasto mundo de Max Velthuijs, já cansados e saudosos da nossa casa, dos nossos amigos e do nosso mundo comemorámos o regresso e os reencontros. As fotografias? Deixamo-las aqui agora mesmo para vós:




Professora do CIV vence Prémio Revelação de Literatura para a Infância da APE

A professora de Português Cidália Ferreira Bicho venceu, em ex-aequo, com Palmira Baptista e Vera de Vilhena, o Prémio Revelação - Literatura para a Infância e Juventude, da Associação Portuguesa de Escritores (APE). A decisão foi tomada por unanimidade por um júri composto por Alice Vieira, Cristina Norton, Rui Cardoso Martins e presidido por José Correia Tavares, entre 23 concorrentes.

O Colégio Internacional de Vilamoura é conhecido pelo seu modelo de educação e pelos resultados alcançados nas mais diversas áreas científicas e culturais pelos seus alunos e professores ao longo de várias gerações.
O incentivo para colocar em livro estas e muitas outras histórias que tem vindo a desenvolver de há uma década para cá tinha já sido lançado por colegas e alunos com os quais as partilha. Mas só este ano Cidália Ferreira Bicho decidiu apresentar o seu trabalho original a concurso.
O interesse pelos contos não é de hoje. Cidália Bicho tem feito muita investigação nesta área ao longo da sua carreira e no âmbito dos projectos em curso no CIV. “Os contos tradicionais fazem parte da minha infância e das minhas raízes. A leitura e a escrita só acontecem mais tarde na escola e com o precioso, quase mágico, incentivo da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian”. O seu pequeno livro As três fortunas do Lobo Lobão e outros contos tradicionais será publicado pela Editora Babel, em parceria com a Associação Portuguesa de Escritores, tal como os contos Carrossel de Sonhos, de Palmira Baptista e Coisandês, de Vera Vilhena.

Este prémio surgiu em 2009 e é o único da APE que não acarreta uma recompensa monetária, significando apenas a publicação dos textos e o pagamento de direitos de autor.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

AOS SÁBADOS ACONTECE… BAÚ DAS LETRAS!

Aconteceu no dia 14 de Maio…

O Baú das Letras recebeu um outro “condutor e viajante” neste dia. Chama-se Paulo Pires [não o actor, mas um grande e eterno amigo meu (Sónia Pereira) e cúmplice de aventuras poético-musicais no grupo Experiment’arte e mediador de leitura na Biblioteca Municipal de Silves) e com ele viajámos só para países e destinos imaginários…Embarcámos neste périplo esquecendo mapas e concentrando-nos apenas nos mundos por ele descritos, na sua voz e nas nossas referências, memórias e sonhos! Chegámos mesmo a sentir o sabor do chocolate, a ver o lenço na narina da protagonista e a “ver” torneiras aos beijinhos…e …e…e mais não digo, pois giro, giro foi ouvi-lo e rir com ele!

Mas podem sempre revisitar estas histórias nas seguintes obras, já que há textos que são para ler, reler e tresler:
- Estrada de chocolate in Histórias ao telefone de Gianni Rodari;
- Torneira in Miniaturas de Paulo Kellerman;
- Judite e Rapariga com muitos olhos in A morte melancólica do rapaz ostra e outras estórias de Tim Burton


segunda-feira, 16 de maio de 2011

MAIS UMA CASA DOS LIVROS NA INTERNET PARA MIÚDOS E GRAÚDOS


 CATA-LIVROS


“O Projecto Cata-Livros é o novo site e o prolongamento do projecto Casa da Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian. Destina-se a ser utilizado por crianças e jovens, no qual poderão encontrar jogos on-line e animações de livros para descobrirem autonomamente o gosto pela leitura.

O site Cata Livros é animado por uma equipa que inclui João Paulo Cotrim, Fernandina Fernando, Elsa Serra e Mariana Sim-Sim David, entre outros, e dirigido aos leitores iniciais e medianos (sensivelmente, dos 8 aos 12 anos). Foi construído a partir da metáfora de uma casa, com as suas salas e saletas, cantos e recantos, caves e sótãos, e que levam títulos como “Salão Salamaleque”, “Janela de Papel” ou “Cozinhório & Laboratinha”. O mocho, ícone carismático da CASA DA LEITURA, ganha como parceiro um corvo, e ambos servem de cicerones na aventura em que se transformará a leitura”.

“Entrar no Cata Livros é entrar numa casa assombrada pelo “espírito” dos livros: há robots e seres estrambólicos, peixes a saltar dos buracos de uma mesa de snooker, um quadro vivo, entre muitas outras experiências surreais. E, depois, há livros, entrevistas a autores, breves filmes de animação, propostas de actividades e quebra-cabeças, espalhados pelas seis divisões da casa, que o leitor-jogador terá que descobrir.

Todos os meses há um novo tema e, dentro desse, um livro em destaque e, pelo menos, 19 outros abordados de formas diferentes. O livro do mês está no “Salão Salamaleque”, onde o utilizador pode folheá-lo, ouvi-lo em voz alta, assistir a uma animação inspirada na história e resolver jogos relacionados com o livro. Os restantes encontram-se na “Janela de Papel”. O mês de abertura do Cata-Livros (Abril) foi dedicado a “Histórias de Bichos Estranhos”, e as honras do “Salão Salamaleque” estiveram a cargo de “Estranhões e Bizarrocos”, de José Eduardo Agualusa, o qual cede, agora, lugar a “O Rapaz que Sabia Voar”, de Alexandre Honrado, inserido no tópico “Viagens”.

No “Cozinhório” & “Laboratinha”, os leitores podem intrometer-se nas histórias, através de desafios como tirar uma fotografia representativa de determinada personagem, re-escrever uma parte do livro ou mesmo ilustrá-lo. E, tal como todos os livros são arrumados na “Janela de Papel”, também as respostas dos leitores aos desafios permanecem alojadas no “Cozinhório” & “Laboratinha”, resultando numa espécie de biblioteca pessoal de textos e imagens.

No início do próximo ano letivo, a equipa vai viajar por escolas e bibliotecas, de norte a sul do país, para divulgar a nova morada da literatura infanto-juvenil”.

In: Jornal de Letras, de 4 a 17 de Maio de 2011

E após esta clara e motivadora explicação resta-nos mesmo é ir, de mansinho, explorar esta extraordinária casa de tanto feitiço e novidade. Não percamos tempo e entremos, então, por http://www.catalivros.org/




terça-feira, 10 de maio de 2011

AOS SÁBADOS ACONTECE … BAÚ DAS LETRAS

Aconteceu no dia 7 de Maio …

Com o “cheirinho do Verão” e das férias à porta apeteceu-nos partir e abrirmo-nos ao mundo. E porque, como diz o provérbio árabe, “Quem vive vê muito; quem viaja vê mais” não hesitámos! Para onde fomos? Primeiro guiaram-nos destinos incertos, pois o nosso impulso da partida, da aventura e descoberta levou-nos a repetir em uníssono o verso de Álvaro de Campos “Ah, seja como for, seja para onde for, partir!”.

Apresentámos depois bilhete, entrámos todos no autocarro, e nesta altura cada um pôde decidir o seu destino de eleição, já que as histórias permitem-nos DAR A VOLTA AO MUNDO EM 80 LIVROS E/OU HISTÓRIAS (tema aliás, do ciclo de sessões do mês de Maio).

Mas como as viagens não são apenas acumulação de imagens, os viajantes acabaram por se transformar. Participámos, através do “olhar” e da admiração, no infindável trabalho dos homens, na sua criatividade e poder de transformação do mundo.

E não esquecemos a viagem que poderá ser feita sem dispêndio de energia física, no silêncio da casa ou na solidão de um qualquer lugar, aquela em que o homem porá “o pé no chão/do seu coração” para aí descobrir uma “perene, insuspeitada alegria” nos versos de Carlos Drummond de Andrade.

O mediador de leitura Edmar levou-nos exactamente a um dos berços da civilização europeia: Roma (Grécia deixaremos, talvez, para o fim deste mês) com a obra de provérbios “Quem tem boca vai a Roma”. Com ele ajudámos uma ovelhinha a encontrar o seu rebanho, construímos um livro, admirámos o Coliseu e divertimo-nos muito.

Sentimos depois a areia com a obra “Certo dia no deserto...” de Carlos Pinhão, percebemos como o destino pode ser tão perto de onde estamos, mas crescer-se tanto durante a viagem com o título “Vou a casa do Jaime” de Beverley Birch…

Mas aqui ficam algumas obras para requisitarem, durante a semana, e partilharem connosco aos sábados, ou ouvir-nos a ler:

- Mitos e lendas escandinavas – contadas por Philip Ardagh
- Mitos e lendas egípcias – contadas por Philip Ardagh
- Mitos e lendas sul-americanas – contadas por Philip Ardagh
- Mitos e lendas celtas – contadas por Philip Ardagh
- Mitos e lendas africanas – contadas por Philip Ardagh
- Mitos e lendas chinesas – contadas por Philip Ardagh
- Mitos e lendas norte-americanas – contadas por Philip Ardagh
- Lendas e contos judaicos – recolha e adapt. de José Jorge Letria
- Contos da China antiga - recolha e adapt. de José Jorge Letria
- Contos da terra do dragão – selecção, adaptação e tradução de Wang Souying e Ana Cristina Alves
- Contos e lendas de Macau – recontadas por Alice Vieira
- Os mais belos contos da Rússia
- Os mais belos contos do mundo
- As Mil e Uma Noites
- Contos negros para os filhos dos brancos de Blaise Cendrars
- Certo dia no deserto … de Carlos Pinhão
- Vou a casa do Jaime de Beverley Birch
- A noite luminosa de António Torrado
- A cerejeira da lua e outras histórias chinesas de António Torrado
- O sapo e o vasto mundo de Max Velthuijs
- A fuga de Wang-Fô de Marguerite Yourcenar
- A Ilha do sol nascente: Timor Lorosa’e de João Pedro Mésseder
- O rei Midas – adapt. De Isidro Sánchez
- João e o feijoeiro mágico de Richard Walker
- A grande viagem de Anna Castagnoli

Aqui ficam as provas e memórias fotográficas destes périplos:



domingo, 1 de maio de 2011

Prémio Nacional Ilustração 2010

A ilustradora Yara Kono venceu o Prémio Nacional Ilustração 2010 com o livro O papão no desvão, com texto de Ana Saldanha. Uma edição da Caminho.



As Menções Especiais foram atribuídas a Marta Madureira, pela ilustração para o livro A crocodila mandona, com texto de Adélia Carvalho, e a Afonso Cruz, ilustrador e autor do livro A contradição humana.


Para descobrir as outras obras que mereceram destaque pelo júri consulte: http://www.dglb.pt/

AOS SÁBADOS ACONTECE …BAÚ DAS LETRAS

Aconteceu no dia 30 de Abril…


os animais saltaram das estantes e em verso e prosa disseram as suas verdades! Do piolho ao dragão, rato, cão e gato não faltaram no reino da bicharada! Da quinta, de estimação ou maravilhosos, sobre quase todos os animais recaiu a nossa atenção.

A festa do zoo literário prolonga-se aqui com algumas fotos e a listagem de alguns títulos lidos na sessão para poderes construir o teu “animalário” e, em qualquer cenário, “poderes fazer uma festinha” ao teu bicharoco!




POESIA
- A gata tareca e outros poemas levados da breca de Luísa Ducla Soares
- Poemas com animais – antologia organizada por José Fanha
- Os animais fantásticos de José Jorge Letria
- O coelho barafunda de José Barata Moura
- O zoo do Joaquim de Pablo Bernasconi
- Fala bicho de Violeta Figueiredo

PRÉ-LEITORES
- O canguru de Gaia Volpicelli
- O urso e o corvo de Monika Klose
- Xico de Paula Carballera
- Caracol e formiga de Armando Quintero
- Caracol e lagarta de Armando Quintero
- O rinoceronte muito malcriado de Jeanne Willis

LEITORES INICIAS E MEDIANOS
- Julieta, a borboleta de Antonn Krings
- Vermelhinha, a joaninha de Antonn Krings
- Fedelho, o escaravelho de Antonn Krings
- O gato das botas de L. Perrault
- A toupeira que queria saber quem lhe fizera aquilo na cabeça de Werner Holzwarth
- Chibos sabichões – adapt. De Olalla González
- A galinha que cantava ópera e outras histórias de animais de Luísa Costa Gomes
- O lobo e os sete cabritinhos de Irmãos Grimm
- Olharapo de Darabuc
- O gato e o escuro de Mia Couto
- Vamos falar de dragões de Kathryn Cave
- Rato do campo e rato da cidade – recolha e adaptação de Alice Vieira
- Caidé: aventuras de um cão de sala contadas pelo próprio de António Torrado
- O macaco de rabo cortado de António Torrado
- O dragão de Luísa Ducla Soares
- Se os bichos se vestissem como gente de Luísa Ducla Soares
- O urso e a formiga de Luísa Ducla Soares
- Um camaleão na gaveta de Maria Alberta Meneres
- A princesa cobra de Álvaro Magalhães
- Hipópotimos, uma história de amor de Álvaro Magalhães
- Quero um dinossáurio de Hiawyn Oram
- A zebra Camila de Marisa Núñez
- Frederico de Leo Lionni
- O sapo e o vasto mundo de Max Velthuijs
- Mais lengalengas de Luísa Ducla Soares
- O passarinho de Maio de Matilde Rosa Araújo
- O rouxinol de Hans Christian Andersen
- A verdadeira vida da formiga rabiga de Violeta Figueiredo
- O livro dos peixes de Teresa Balté
- O grande lagarto da pedra azul de Papiniano Carlos
- O capuchinho cinzento de Matilde Rosa Araújo
- O coelhinho branco de Xosé Ballesteros
- A cabra tonta de Pep Bruno
- A viagem das borboletas de Paula Carbonell

Aqui estavam os livros que eram "toca" de vários animais...

Aqui encontrávamos vários livros sobre um único animal (como os gatos, ratos e dragões, por ex.)


Aqui os animais conviviam todos como na selva, mas nós conseguíamos distingui-los!







Público-alvo: crianças
Horário: das 15:30 às 19:00

sábado, 30 de abril de 2011

A propósito do, Ano Europeu do Voluntariado deixamos aqui um texto de motivação, antecipando um destaque bibliográfico que a Biblioteca dará a este tema.

"Ser voluntário é....
É regar todos os dias seres para conseguirem ter a capacidade de semearem brincadeiras e florirem sorrisos. É tornar radiantes os dias de chuva e colorir momentos marcantes.
Ser voluntário é ser uma torrada quente que salta todos os dias numa linda manhã para alimentar quem mais necessita. É fantasiar um mundo feliz e alegre para evitar medos e receios e criar felicidade. É mostrar que voar, pular, brincar e ajudar é importante.
É partilhar um coração com vários coraçõezinhos, é despertar o bom que há em nós e nos outros, é ajudar e ser ajudado, é estar presente, é dedicar e aprender. Ser voluntário é ser responsável, interessado e corajoso, é ter sentimentos, é demonstrar que se pode ter valor e ser um diamante nos bolsos dos outros, é ser bondoso sem receber nada em troca, é ter um coração GIGANTE, é sentir-se útil.
Ser voluntário é ter alguém com quem falar e ajudar, é uma maneira de relativizar os próprios problemas e dar atenção a outros mais graves. É tentar dar o dia de amanhã, ontem ou hoje.
Ser esta fantástica pessoa é mostrar que quem espera sempre alcança e que nesse dia irá estar presente sem perder a esperança, sonhando com o final feliz que todos esperam a cada segundo que passa".


quinta-feira, 28 de abril de 2011

AOS SÁBADOS ACONTECE… BAÚ DAS LETRAS!

Com atenção e coração, o Baú das Letras volta a confeccionar novas histórias, para todas as idades, com ingredientes de e para sempre e que acrescentam sabor às histórias (fadas, bruxas e duendes, princesas, reis, animais e alguns monstros; florestas, palácios e castelos, desertos e países distantes; aventuras da cidade e do campo; objectos mágicos e outros que estão perto de ti e falam connosco).

Nesta arca de piratas ou de avós, velhas e novas histórias, famílias, leitores e contadores esperam por ti!

Aconteceu no dia 9 de Abril…

histórias que saltaram das páginas e ganharam volume com fantoches e vida com todos os que puderam contar, ler e ouvir…



Aconteceu no dia 16 de Abril…

a festa dos animais com a leitura destas obras, de entre outras:

Fábulas de La Fontaine

As mais belas fábulas de Esopo

Os dois corvos de Aldous Huxley

História da ressureição do papagaio de Eduardo Galeano

A girafa que comia estrelas de Eduardo Agualusa

Um gato na árvore de Pablo Albo

Dinossaúrio Belisário de Pepe Caccámo

O dinossauro de Manuela Bacelar

Tio Lobo

Selma de Jutta Bauer

O livro dos porquinhos de Anthony Browne
Público-alvo: crianças

Horário: das 15:30 às 19:00
    
Projecto Columbinas por MIGUEL HORTA

  


Pela manhã os meninos de cabanas (Tavira) juntaram palavras em pequenos poemas ao jeito de Haikus usando a “Máquina da Poesia”. Depois lá fomos para o pombal com os nossos papelitos poéticos dobrados para enviar aos meninos da escola da Porta Nova. Os columbófilos colocaram cuidadosamente as nossas mensagens nas patas dos pombos – correio. Entretanto fui lendo textos de António Torrado, Álvaro de Magalhães e Fernando Pessoa aos meninos e meninas expectantes enquanto se procedia à delicada operação. À hora combinada soltámos os pombos em direcção de Tavira. Depois foi o tempo de espera, espreitando o céu, a ver se chegavam as mensagens dos amigos da Porta Nova. Lá vêem! O bando descreveu uns quantos círculos em torno do pombal. Guilherme, o jovem columbófilo de Cabanas assobiou (de um modo particular) para convencer as columbinas a entrar na sua casa. Como os meninos estavam muito tranquilos, os pombos aterraram sem medo com as mensagens esperadas. O senhor Parra explicou muito bem a natureza da Columbofilia, entregando as mensagens chegadas a cada um dos meninos. Depois foi o tempo de leitura dos poemas que nos chegaram dos céus. Assim se vive a “Maré de Contos”, um evento que junta a promoção do livro e da leitura à narração oral. Por cá têm estado Thomas Bakk, os Contabandistas, Vítor Correia, José Fanha, Tixa, Mare, Senhor Gomes (…) Amanhã contarei histórias na freguesia rural de Cachopo e escutarei junto com Thomas os cantares do Algarve… Talvez me lembre de uma "Parte" do Alvor
Extraído do blog do mediador e autor - http://miguel-horta.blogspot.com

Para quem não conhece este contador (ou esta sua faceta como artista da expressão oral), e enquanto não tem a oportunidade de o ouvir, mas quer perceber por que o talento e a experiência são duas dimensões de um mediador extraordinário, aconselhamos a leitura desta descrição do seu percurso …

Miguel horta é um pintor, que escreve e ilustra os seus livros ao sabor do levante que sopra pela ria e pelos duros arrifes do barlavento. Desde criança que teve o contacto decisivo com o mar e com todos os mentirosos imaginativos que seguiam a bordo da embarcação. Depois, quando não havia oceano, existiam os livros com todo aquele mundo para ser lido através dos olhos dos outros.

Talvez mais importante que os peixes, sejam as pessoas com as suas histórias; foi assim que se embrenhou pelo interior do país descrevendo outras vivências que podemos escutar nos seus textos ilustrados e nos contos partilhados.

Provavelmente essa preocupação com o outro, em textura social, o tenham transformado num promotor do livro e da leitura reconhecido por todos que acolhem as suas oficinas educativas em bibliotecas ou intervindo directamente em bairros problemáticos.

A maré deixou-nos este mediador cultural pousado nas areias da nossa praia como se fosse um salvado do mundo contemporâneo.

sábado, 16 de abril de 2011

Histórias da Butónia por NATÁLIA TOST

Mediadora de leitura, que combina como ninguém o amor à palavra e à costura… eis Natália Tost! Não há botão que lhe escape e, portanto, ela conta histórias da Butónia, a boneca que poderão ver nas fotografias e que abaixo vos apresentamos…

Livros gigantescos ou anões (os bebezudos) são “de perder a cabeça”! Fofinhos, mas também estimulantes para os sentidos dos bebés e dos mais pequenos (ou de todos nós, no fundo, que somos transportados para este mundo da fantasia onde tudo é possível) os seus livros são, per si, verdadeiros objectos artísticos.



domingo, 3 de abril de 2011

Contos algarvios pelo grupo BAÚ DAS LETRAS





O grupo Baú das Letras revitalizou os “Contos Algarvios” de Ataíde Oliveira numa sessão na Biblioteca Municipal e descobriu-se, por exemplo, que o conto tradicional “Tia Miséria”, na recolha deste que é um dos principais autores da História e tradições orais da região, elege a pereira (e não a figueira) como a árvore amada e protegida da protagonista e outras curiosidades que dão à leitura desta obra um sabor muito especial.
Vozes mais velhas e mais novas aqueceram-se num cenário tipicamente algarvio onde não faltaram as alfarrobas, figos ou medronho junto à lareira, num serão intimista a evocar as noites tradicionais da região.




Maré dos Contos – 2011


Na sua 4ª. edição, a Maré dos Contos voltou “a dar que falar”, o que neste caso significa, que contar e ouvir. Durante uma semana (de 21 a 27 de Março), a cidade acordou com workshops, feira do livro, música e teatro e o dia ganhou mais horas com contos e poesia. De crianças a adultos, espalhou-se o feitiço literário por todas as idades e muitos espaços. Reviram-se certas figuras já conhecidas dos leitores, partilharam-se textos e autores, (re)descobriram-se outros e as vozes dos contadores suspenderam o tempo no coração dos ouvintes. A festa do livro e do património oral começou no dia 21 e prolonga-se na memória dos participantes muito para além desta data…Para quem ainda não conhece o evento, a nossa sugestão é que saiba mais sobre os convidados e entidades envolvidas no site http://www.maredecontos.com/

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dia Internacional do Livro Infantil - 2011


Cartaz da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, encomendado ao ilustrador Bernardo Carvalho no DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL-Dia 2 de Abril -2011


MENSAGEM PARA ESTE DIA


O livro recorda Aino Pervik "Quando Arno e o seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado." No meu país, a Estónia, quase toda a gente conhece esta frase de cor. É a primeira linha de um livro intitulado Primavera. Publicado em 1912, é da autoria do escritor estónio Oskar Luts (1887-1953). Primavera narra a vida de crianças que frequentavam uma escola rural na Estónia, em finais do século XIX. O Autor escrevia sobre a sua própria infância e Arno, na verdade, era o próprio Oskar Luts na sua meninice. Os investigadores estudam documentos antigos e, com base neles, escrevem livros de História. Os livros de História relatam eventos que aconteceram, mas é claro que esses livros nunca contam como eram de facto as vidas das pessoas comuns em certa época. Os livros de histórias, por seu lado, recordam coisas que não é possível encontrar nos velhos documentos. Podem contar-nos, por exemplo, o que é que um rapaz como Arno pensava quando foi para a escola há cem anos, ou quais os sonhos das crianças dessa época, que medos tinham e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais dessas crianças, como queriam ser e que futuro desejavam para os seus filhos. Claro que hoje podemos escrever livros sobre os velhos tempos, e esses livros são, muitas vezes, apaixonantes. Mas um escritor actual não pode realmente conhecer os sabores e os cheiros, os medos e as alegrias de um passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu depois e o que o futuro reservava à gente de então. O livro recorda o tempo em que foi escrito. A partir dos livros de Charles Dickens, ficamos a saber como era realmente a vida de um rapazinho nas ruas de Londres, em meados do século XIX, no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (coincidentes com o olhar de Dickens nessa época), vemos todo o tipo de personagens que ao tempo viviam na Inglaterra — que relações tinham, e como os seus pensamentos e sentimentos influenciaram tais relações. Porque David Copperfield era de facto, em muitos aspectos, o próprio Charles Dickens; Dickens não precisava de inventar nada, ele pura e simplesmente conhecia aquilo que contava. São os livros que nos permitem saber o que realmente sentiam Tom Sawyer, Huckleberry Finn e o seu amigo Jim nas viagens pelo Mississippi em finais do século XIX, quando Mark Twain escreveu as suas aventuras. Ele conhecia profundamente o que as pessoas do seu tempo pensavam sobre as demais, porque ele próprio vivia entre elas. Era uma delas. Nas obras literárias, os relatos mais verosímeis sobre gente do passado são os que foram escritos à época em que essa mesma gente vivia. O livro recorda.

Tradução: José António Gomes

Nascida em 1932, na Estónia, Aino Pervik publicou cerca de meia centena de livros para crianças, a par de poesia e narrativas para adultos. Distinguida com vários e prestigiosos prémios e traduzida em diversas línguas, obras suas têm sido adaptadas ao teatro e ao cinema. A velha mãe Kunks, Arabella, a filha do pirata, Paula aprende a sua língua (integrado numa série protagonizada pela mesma personagem), são apenas três dos seus títulos mais conhecidos.

A Mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil é uma iniciativa do IBBY (International Board on Books for Young People), difundida em Portugal pela APPLIJ (Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil), Secção Portuguesa do IBBY.





IBBY - International Board on Books for Young People


é uma organização, sem fins lucrativos, que representa uma rede mundial de pessoas comprometidas em aproximar crianças e livros.

Com muitas e diversas actividades, esta organização atribui aquele que é considerado o maior prémio internacional na área da literatura infanto-juvenil: o Prémio Hans Christian Andersen (modalidade da escrita e ilustração).




Apresentamos, de seguida, os vencedores deste enorme reconhecimento literário, na vertente da escrita, desde que o prémio foi instituído:


Vencedores 1956-2010

(modalidade: escrita)

2010 David Almond (UK)

2008 Jürg Schubiger (Switerzland)

2006 Margaret Mahy (New Zealand)

2004 Martin Waddell (Ireland)

2002 Aidan Chambers (UK)

2000 Ana Maria Machado (Brazil)

1998 Katherine Paterson (USA)

1996 Uri Orlev (Israel)

1994 Michio Mado (Japan)

1992 Virginia Hamilton (USA)

1990 Tormod Haugen (Norway)

1988 Annie M. G. Schmidt (Netherlands)

1986 Patricia Wrightson (Australia)

1984 Christine Nöstlinger (Austria)

1982 Lygia Bojunga Nunes (Brazil)

1980 Bohumil Riha (Czechoslovakia)

1978 Paula Fox (USA)

1976 Cecil Bødker (Denmark)

1974 Maria Gripe (Sweden)

1972 Scott O'Dell (USA)

1970 Gianni Rodari (Italy)

1968 James Krüss (Germany) José Maria Sanchez-Silva (Spain)

1966 Tove Jansson (Finland)

1964 René Guillot (France)

1962 Meindert DeJong (USA)

1960 Erich Kästner (Germany)

1958 Astrid Lindgren (Sweden)

1956 Eleanor Farjeon (UK)