O BAÚ DAS LETRAS

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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Projecto Columbinas por MIGUEL HORTA

  


Pela manhã os meninos de cabanas (Tavira) juntaram palavras em pequenos poemas ao jeito de Haikus usando a “Máquina da Poesia”. Depois lá fomos para o pombal com os nossos papelitos poéticos dobrados para enviar aos meninos da escola da Porta Nova. Os columbófilos colocaram cuidadosamente as nossas mensagens nas patas dos pombos – correio. Entretanto fui lendo textos de António Torrado, Álvaro de Magalhães e Fernando Pessoa aos meninos e meninas expectantes enquanto se procedia à delicada operação. À hora combinada soltámos os pombos em direcção de Tavira. Depois foi o tempo de espera, espreitando o céu, a ver se chegavam as mensagens dos amigos da Porta Nova. Lá vêem! O bando descreveu uns quantos círculos em torno do pombal. Guilherme, o jovem columbófilo de Cabanas assobiou (de um modo particular) para convencer as columbinas a entrar na sua casa. Como os meninos estavam muito tranquilos, os pombos aterraram sem medo com as mensagens esperadas. O senhor Parra explicou muito bem a natureza da Columbofilia, entregando as mensagens chegadas a cada um dos meninos. Depois foi o tempo de leitura dos poemas que nos chegaram dos céus. Assim se vive a “Maré de Contos”, um evento que junta a promoção do livro e da leitura à narração oral. Por cá têm estado Thomas Bakk, os Contabandistas, Vítor Correia, José Fanha, Tixa, Mare, Senhor Gomes (…) Amanhã contarei histórias na freguesia rural de Cachopo e escutarei junto com Thomas os cantares do Algarve… Talvez me lembre de uma "Parte" do Alvor
Extraído do blog do mediador e autor - http://miguel-horta.blogspot.com

Para quem não conhece este contador (ou esta sua faceta como artista da expressão oral), e enquanto não tem a oportunidade de o ouvir, mas quer perceber por que o talento e a experiência são duas dimensões de um mediador extraordinário, aconselhamos a leitura desta descrição do seu percurso …

Miguel horta é um pintor, que escreve e ilustra os seus livros ao sabor do levante que sopra pela ria e pelos duros arrifes do barlavento. Desde criança que teve o contacto decisivo com o mar e com todos os mentirosos imaginativos que seguiam a bordo da embarcação. Depois, quando não havia oceano, existiam os livros com todo aquele mundo para ser lido através dos olhos dos outros.

Talvez mais importante que os peixes, sejam as pessoas com as suas histórias; foi assim que se embrenhou pelo interior do país descrevendo outras vivências que podemos escutar nos seus textos ilustrados e nos contos partilhados.

Provavelmente essa preocupação com o outro, em textura social, o tenham transformado num promotor do livro e da leitura reconhecido por todos que acolhem as suas oficinas educativas em bibliotecas ou intervindo directamente em bairros problemáticos.

A maré deixou-nos este mediador cultural pousado nas areias da nossa praia como se fosse um salvado do mundo contemporâneo.

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