O BAÚ DAS LETRAS

Livros, Leituras e muito mais...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dia Internacional do Livro Infantil - 2011


Cartaz da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, encomendado ao ilustrador Bernardo Carvalho no DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL-Dia 2 de Abril -2011


MENSAGEM PARA ESTE DIA


O livro recorda Aino Pervik "Quando Arno e o seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado." No meu país, a Estónia, quase toda a gente conhece esta frase de cor. É a primeira linha de um livro intitulado Primavera. Publicado em 1912, é da autoria do escritor estónio Oskar Luts (1887-1953). Primavera narra a vida de crianças que frequentavam uma escola rural na Estónia, em finais do século XIX. O Autor escrevia sobre a sua própria infância e Arno, na verdade, era o próprio Oskar Luts na sua meninice. Os investigadores estudam documentos antigos e, com base neles, escrevem livros de História. Os livros de História relatam eventos que aconteceram, mas é claro que esses livros nunca contam como eram de facto as vidas das pessoas comuns em certa época. Os livros de histórias, por seu lado, recordam coisas que não é possível encontrar nos velhos documentos. Podem contar-nos, por exemplo, o que é que um rapaz como Arno pensava quando foi para a escola há cem anos, ou quais os sonhos das crianças dessa época, que medos tinham e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais dessas crianças, como queriam ser e que futuro desejavam para os seus filhos. Claro que hoje podemos escrever livros sobre os velhos tempos, e esses livros são, muitas vezes, apaixonantes. Mas um escritor actual não pode realmente conhecer os sabores e os cheiros, os medos e as alegrias de um passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu depois e o que o futuro reservava à gente de então. O livro recorda o tempo em que foi escrito. A partir dos livros de Charles Dickens, ficamos a saber como era realmente a vida de um rapazinho nas ruas de Londres, em meados do século XIX, no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (coincidentes com o olhar de Dickens nessa época), vemos todo o tipo de personagens que ao tempo viviam na Inglaterra — que relações tinham, e como os seus pensamentos e sentimentos influenciaram tais relações. Porque David Copperfield era de facto, em muitos aspectos, o próprio Charles Dickens; Dickens não precisava de inventar nada, ele pura e simplesmente conhecia aquilo que contava. São os livros que nos permitem saber o que realmente sentiam Tom Sawyer, Huckleberry Finn e o seu amigo Jim nas viagens pelo Mississippi em finais do século XIX, quando Mark Twain escreveu as suas aventuras. Ele conhecia profundamente o que as pessoas do seu tempo pensavam sobre as demais, porque ele próprio vivia entre elas. Era uma delas. Nas obras literárias, os relatos mais verosímeis sobre gente do passado são os que foram escritos à época em que essa mesma gente vivia. O livro recorda.

Tradução: José António Gomes

Nascida em 1932, na Estónia, Aino Pervik publicou cerca de meia centena de livros para crianças, a par de poesia e narrativas para adultos. Distinguida com vários e prestigiosos prémios e traduzida em diversas línguas, obras suas têm sido adaptadas ao teatro e ao cinema. A velha mãe Kunks, Arabella, a filha do pirata, Paula aprende a sua língua (integrado numa série protagonizada pela mesma personagem), são apenas três dos seus títulos mais conhecidos.

A Mensagem do Dia Internacional do Livro Infantil é uma iniciativa do IBBY (International Board on Books for Young People), difundida em Portugal pela APPLIJ (Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil), Secção Portuguesa do IBBY.





IBBY - International Board on Books for Young People


é uma organização, sem fins lucrativos, que representa uma rede mundial de pessoas comprometidas em aproximar crianças e livros.

Com muitas e diversas actividades, esta organização atribui aquele que é considerado o maior prémio internacional na área da literatura infanto-juvenil: o Prémio Hans Christian Andersen (modalidade da escrita e ilustração).




Apresentamos, de seguida, os vencedores deste enorme reconhecimento literário, na vertente da escrita, desde que o prémio foi instituído:


Vencedores 1956-2010

(modalidade: escrita)

2010 David Almond (UK)

2008 Jürg Schubiger (Switerzland)

2006 Margaret Mahy (New Zealand)

2004 Martin Waddell (Ireland)

2002 Aidan Chambers (UK)

2000 Ana Maria Machado (Brazil)

1998 Katherine Paterson (USA)

1996 Uri Orlev (Israel)

1994 Michio Mado (Japan)

1992 Virginia Hamilton (USA)

1990 Tormod Haugen (Norway)

1988 Annie M. G. Schmidt (Netherlands)

1986 Patricia Wrightson (Australia)

1984 Christine Nöstlinger (Austria)

1982 Lygia Bojunga Nunes (Brazil)

1980 Bohumil Riha (Czechoslovakia)

1978 Paula Fox (USA)

1976 Cecil Bødker (Denmark)

1974 Maria Gripe (Sweden)

1972 Scott O'Dell (USA)

1970 Gianni Rodari (Italy)

1968 James Krüss (Germany) José Maria Sanchez-Silva (Spain)

1966 Tove Jansson (Finland)

1964 René Guillot (France)

1962 Meindert DeJong (USA)

1960 Erich Kästner (Germany)

1958 Astrid Lindgren (Sweden)

1956 Eleanor Farjeon (UK)

1 comentário: